Vosch Vusch (TEUC)

Vosch Vusch, uma poção em aberto
Um coro de bruxas em delírio.
Um bosque cheio de espíritos que avançam.
As formas humanas de tomar o poder.
A ambição, a história do escocês Macbeth.
(A ambição como delírio, loucura, homicídio, suicídio, de Macbeth e Lady Macbeth.)
Tome dez aprendizes, algumas histórias reais de bruxaria e uma certa forma de comunicação própria de seres extraordinários, que operam vários tipos de passagens.
Em movimento, observe os corpos a vestir as bruxas até sentir um “caboum” mágico.
Introduza a história de poder: ponha Macbeth, a sua Lady, o assassinato do Rei e meia dúzia de aparições no meio do bosque. Deixe-os estar um pouco perdidos a temperar.
Traga uma cadeira vazia e observe formas humanas e ordinárias de tomar o poder.
Enquanto as bruxas gozam, escarnecem, retalham, cozinham e dançam, deixe-se entrar nesta máquina de sujar delirante: oiça o vosch-vusch, não procure conclusões, deixe-se entrar no movimento.
Deixar a vibrar, enquanto estiver quente.

Ver Macbeth como uma peça… de roupa
Macbeth é mais uma obra de Shakespeare que aborda o tema do poder e as suas consequências no género humano. O dramaturgo inglês revela-nos Macbeth, tal como fez com Hamlet ou Titus Andronicus, por fora e por dentro, dos gestos aos pensamentos mais íntimos, para que observemos enquanto espectadores/leitores a evolução de uma doença, que se chama poder, a corroer em pouco tempo o corpo e a mente.
A esta primeira camada procurei aprofundar outras perspetivas dramatúrgicas que pudessem servir o trabalho corporal e cénico da Joana e da Catarina com o grupo. O uso do verbo servir não significa aqui subserviência ou bajulação, mas “vestir bem”. O poder como uma roupa que se veste é uma metáfora presente em quase toda a peça. A roupa dá estatuto, forma e corpo a cada personagem. Podemos imaginar Macbeth de camisa branca. Uma camisa que vai sendo manchada pelo sangue das vítimas assassinadas. Manchas que não saem, nódoas, que por mais que se lavem, não desaparecem e muitas vezes até se espalham para outras roupas.
Psicologicamente Macbeth é como uma peça de roupa dentro de uma máquina de lavar. Para acentuar esta ideia despimos a narrativa do seu habitual princípio/meio/fim e substituímo-la por programas que pudessem lavar e centrifugar a personagem na tentativa de a tornar mais limpa aos olhos do público. Porém, as manchas estão demasiado impregnadas no tecido da consciência e, como o sangue é uma nódoa difícil de remover, a loucura instala-se, proporcionando a mais bela imagem deste texto: um bosque que anda e avança em direção ao tirano. 
É o homem em contraponto com a natureza que Shakespeare quer ver em confronto. O homem que necessita de mostrar a sua presença através da ação em oposição à imobilidade da natureza, que só precisa de estar. Quando Macbeth diz: “Se a sorte me quer rei, há de coroar-me sem que eu me mexa.”, é Shakespeare a brincar às verdades universais que nunca são respeitadas pelos homens, por mais séculos que passem. Macbeth mexeu-se, tal como Muammar Kadhafi ou Bashar al-Assad. Hélder Wasterlain
PS – Caro leitor, consigo ver daqui uma nódoa na sua camisa.

Direção Catarina Santana e Joana Pupo 
Exercício final do Curso Bienal de Teatro do TEUC 2011.2012
Cocriação Helena Galveias, Helena Pinela, Joana Marques Silva, Joana Salgado, João Nemo, Miguel Matos, Rodolpho Amaral, Ruy de Liceia, Sabrina Rocha, Susana Faria Dramaturgia Hélder Wasterlain
Assistência Maria Inês Pinela
Desenho gráfico Rafaela Bidarra 
Desenho de luz Alexandre Mestre
Sonoplastia João Castro Gomes, formandos do curso de técnica, Ana Fernandes, Filipa Lima 
Produção executiva Marta Félix
Apoio A Cabra, Ilídio Design Cabeleireiros, Máfia Associação Cultural, RUC Agradecimento Cheila Pereira, CITAC, Cláudio Vidal, Iur oãtipac, Maria Gomes, Paula Rita
Produção TEUC  
O TEUC é uma entidade financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, Câmara Municipal de Coimbra, Reitoria da Universidade de Coimbra 


DATA 12 julho 2012 21h30

LOCAL Auditório TAGV

CLASSIFICAÇÃO M/6

PREÇO 7,5€