A Lisístrata hoje
Não vivemos em ambiente de guerra civil; o sufrágio é universal; as mulheres ocupam cargos de chefia, ocupam cargos que antes eram apenas ocupados por homens. Mas o que fizeram elas até atingir esse estatuto? Por que lutas sociais e políticas tiveram elas de passar para chegar ao lugar em que estão? Esta peça pretende também ser um louvor a essas mulheres que lutaram pelos direitos já conquistados e a tantas outras que hão de lutar pelos estão por conquistar. Por que razão, ainda hoje, uma mesma posição de trabalho, ocupada por um homem e uma mulher, tem por vezes diferente remuneração? Por que razão as mulheres necessitam de dar ainda mais provas das suas capacidades?
Elisabete Cação, Encenadora
Lisístrata e a greve de sexo
Apresentada pela primeira vez em 411 a. C., num ambiente de desgaste emocional e físico devido ao confronto militar e político da Guerra do Peloponeso, a Lisístrata de Aristófanes põe em cena conflitos familiares para problematizar conflitos sociais e políticos. Lisístrata propõe às companheiras Calonice, Mírrina e Lâmpito fazer uma greve de sexo para que os maridos voltem para casa e façam tréguas à guerra. Se de início ficam relutantes com a ideia, logo juram sobre uma taça de vinho cheiroso que todas assinarão esse pacto. Os semicoros da Lisístrata são cúmplices nesta guerra de sexos. Coro de velhos para um lado e coro de velhas para o outro, durante a maior parte da peça, agridem-se verbal e fisicamente, sem pejo de linguagem ou gestos obscenos com o intuito único de atingir o ideal de paz proposto por Lisístrata. É que o sacrilégio das mulheres deve ser repreendido pela força masculina – mas a sua atuação é fraca, deixando-as livres para a sua própria “defesa”. Depois da intervenção, falhada, do Comissário, que pretende subsidiar equipamento militar com dinheiro público guardado na Acrópole pelo coro de mulheres, eis que finalmente o encontro entre Mírrina e Cinésias marca o ponto de viragem para a realização da paz: homem e mulher encontram-se para “o coiso”. A chegada, por fim, de arautos e delegados para a paz, tanto Atenienses como Espartanos, dita um fim utópico para os acontecimentos militares. Depois de bem bebidos, fazem finalmente réguas, numa dança conjunta entre homens e mulheres, Atenienses e Espartanos.
Tradução Maria de Fátima Sousa e Silva
Encenação Elisabete Cação
Interpretação António Oliveira, Bruno Pereira, Carina Fernandes, Cátia Coelho, Claudio Ramos, Cláudia Sousa, Daniela Fernandes, Dávilla Ferreira, Diego Broniszak, Diogo Ribeirinha, Douglas Rabelo, Elvira Fueta, Inês Lopes, Iolanda Mendes, Lucas Galho, Mariana Almeida, Pedro Sobral, Renan Serralvo e Tânia Mendes
Direção de atores Andreia Morado, Patrícia Grigolleto, Tânia Mendes
Coreografia Andreia Morado
Vídeo Tiago Cravidão
Luminotecnia Luís Carvalho
Sonoplastia Ricardo Neiva
Programação visual Carlos Jesus
Música original Elisabete Cação
Figurinos Mariana Fonseca
Produção Carlos Jesus
DATA 24 junho 2013 18h30
LOCAL Auditório TAGV (lotação limitada)
CLASSIFICAÇÃO M/12
PREÇO 3€